Um incêndio causado pela explosão da bateria de uma bicicleta elétrica deixou usuários desse tipo de veículo assustados e preocupados com os riscos de carregar seus veículos dentro de casa.
Para tirar dúvidas, o g1 ouviu um especialista de análise de riscos e controle de emergências para ensinar como os usuários podem evitar danos na hora de carregar seus equipamentos.
Na última terça-feira (10), o engenheiro Marcos Otto, de 55 anos, teve queimaduras de 2° e 3° graus nas pernas e braços após a explosão da bateria da sua bicicleta causar um grave incêndio em seu imóvel. Ele disse ao g1 que pretende processar a fabricante do veículo.
O apartamento localizado na rua General Venâncio Flores, no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi completamente destruído. De acordo com Marcos, fora o prejuízo do imóvel, que tem seguro, a perda material da família ultrapassa os R$ 30 mil.
Segundo Moacyr Duarte, especialista de análise de riscos e controle de emergências, existem alguns cuidados que devem ser tomados para diminuir a chance de uma explosão e para evitar danos maiores, caso ela ocorra.
Dicas para carregar sua bateria de forma segura:
"Prevenção é o que a gente deseja. E como é que a gente previne isso? Primeiro lugar, no trato a bateria. Você não deve nunca tentar macetear, mexer com os circuitos da bateria. Se a bateria sofreu algum tipo de acidente, você caiu de bike, imprensou, ou ela caiu da sua mão, você tem que levar para revisar para saber se ela ta funcionando propriamente".
"No regular, você não guarda a bateria, principalmente carrega a sua bicicleta separadamente, perto de materiais inflamáveis ou combustíveis. Nunca perto da mobília ou de tapetes e cortinas. É melhor na área, com piso frio, com nada que pegue fogo em volta", explica Moacyr.
De acordo com o especialista, as baterias são seguras. "Elas não vão te trazer problemas e vão te dar o benefício do transporte mais limpo e menos poluente", concluiu o especialista.
O engenheiro Marcos Otto possui dois modelos de bicicleta elétrica e uma delas precisa de 7 ou 8 horas para carregar completamente na tomada. Na manhã de terça, ele colocou o cabo da bateria na tomada como fazia sempre.
"Eu comecei a carregar a bicicleta e fui fazer outras coisas. Fui a uma reunião meio-dia e voltei pra casa. Quando estava escovando os dentes comecei a escutar alguns estalos", contou.
"Eu vi que era a bateria e tirei o cabo da tomada e do carregador. Quando coloquei a mão queimei meus dedos porque a bateria tava muito quente. Eu pensei em empurrar a bateria até o boxe do banheiro, mas antes de fazer qualquer coisa a bateria explodiu", disse o engenheiro.
Marcos contou que o barulho da explosão foi muito alto.
"Na hora deu uma explosão e o fogo saiu pela frente e por trás da bateria. O fogo por trás queimou minha perna. Foi muito forte. Foi tipo um maçarico. Queimou minha perna, meu tornozelo e meu pé".
Como se não bastasse o susto pela explosão e as queimaduras, o "maçarico" jogou a chama para dois pontos do quarto do engenheiro. Em segundos, dois focos de incêndio se formaram, na cama e na porta, onde tinha algumas roupas penduradas.
"Eu tenho treinamento de combate a incêndios e fui logo no banheiro pegar uma toalha molhada para tentar apagar o fogo. Tentei apagar, mas não deu. Avisei minha mãe e pedi para ela deixar o apartamento. Larguei tudo e fui embora com ela", disse Marcos.
"Em um minuto lambeu tudo", relembrou.
Marcos ainda conseguiu avisar os vizinhos do andar e o porteiro do prédio, que chamou os bombeiros. Já do lado de fora, olhando seu apartamento ser tomado pelo fogo, o engenheiro começou a sentir fortes dores nas pernas.
Ele foi atendido pelos bombeiros e levado para o Hospital Miguel Couto, onde passou por alguns procedimentos para eliminar a pele queimada e aliviar a dor.
"Eu estava apagado, fiquei a noite toda sem dor, mas hoje (quarta) a anestesia passou e a dor voltou muito forte. Em uma escala de 0 a 10, a dor agora é 8".
Marcos tem essa bicicleta há mais de cinco anos, mas a bateria que explodiu é nova. Segundo ele, o equipamento tem sete meses e ele ainda está pagando pela peça.
O engenheiro disse que fez questão de comprar o produto original, compatível com a marca da sua bicicleta. Contudo, ele lembrou que nunca teve suporte do fornecedor sobre como utilizar o equipamento e que nem mesmo quando comprou a bicicleta recebeu informações sobre onde ou como carregar o veículo.
"Quando eu comprei a bicicleta não tive nenhuma informação de como carregar. O vendedor só me disse como fazer e eu confiei".
Na opinião dele, os fabricantes de bicicletas elétricas deveriam ter mais cuidado com esses procedimentos.
"Eu acho que tinha que ter mais informações do fabricante, ter uma gestão de risco sobre o local onde você vai carregar. Por exemplo, eu nunca mais vou carregar uma bateria dentro de casa", completou Marcos.
A fabricante da bicicleta informou que vai apurar as causas do acidente antes de se manifestar sobre o caso.
Fonte: g1