Pai da menina de 3 anos que morreu após oito dias internada no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), Felipe Gomes Fernandes pede uma investigação criteriosa sobre as causas da morte de Sophia da Silva Fernandes.
À EPTV, afiliada da TV Globo, ele disse não acreditar na versão da ex-companheira, de que as lesões na cabeça da criança são decorrentes de uma queda durante o banho. A menina morreu na sexta-feira (9)
Segundo relatório do próprio hospital, Sophia deu entrada no HC com quadro agudo grave de rebaixamento de nível de consciência e descerebração.
Sophia da Silva Fernandes morreu após dar entrada em Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP — Foto: Arquivo pessoal
A tomografia a que a criança foi submetida revelou "hematoma subdural agudo com desvio de linha médica, sendo indicada abordagem cirúrgica na urgência". A polícia investiga o caso como possível crime de maus-tratos, mas a delegada Patricia Buldo diz que ainda não há autoria conhecida.
"Eu só quero a verdade, eu só quero que as versões sejam mais completas, porque você dizer que a sua filha caiu no banheiro, todo mundo quer saber o que realmente aconteceu com a Sophia. Eu quero uma resposta, porque não é normal acontecer o que aconteceu com a minha filha", diz Felipe.
Sophia da Silva Fernandes foi levada ao HC pela mãe dela e pelo padrasto no dia 1 de agosto. A mulher disse acreditar que a menina sofreu uma queda durante o banho. A criança morreu oito dias depois.
À EPTV, a mãe da criança disse que foi o padrasto de Sophia, atual companheiro dela, que encontrou a menina caída no box do banheiro.
Segundo a mulher, Sophia recebeu uma bucha de banho e um sabonete para poder se lavar, enquanto ela seguiu para a cozinha, cômodo que fica ao lado, para pegar um café.
"Pra minha cabeça, acho que ela acabou escorregando na buchinha que ela esfregou sabonete. Pode ter caído no chão e ela ter caído, ter batido a cabeça. No nosso banheiro tem uma mangueirinha sempre esticada. Ela pode sim, querer segurar na mangueirinha e puxado, sem querer ter caído. Como mãe e como eu conheço onde eu moro, conheço minha filha e eu me conheço, acho que ela deve ter caído".
O laudo emitido pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto mostra que Sophia foi submetida a uma cirurgia que revelou que a menina tinha um edema cerebral gravíssimo, sendo necessária amputação parcial de encéfalo.
No mesmo documento do Hospital das Clínicas consta a hipótese de trauma não acidental.
Ainda segundo o HC, Sophia tinha alterações de fundo de olho sugestivas de trauma de grande energia, não sendo possível excluir síndrome do bebê chacoalhado.
Relatório do HC de Ribeirão Preto, SP, apontou que Sophia da Silva Fernandes, de 3 anos, tinha alterações sugestivas de 'trauma de grande energia' — Foto: Reprodução/EPTV
Advogado da mãe da criança, Wagner Simões defende que as lesões são decorrentes de problemas congênitos que Sophia apresentava desde o nascimento.
"O quadro clínico que a criança apresentou logo após o nascimento fez com que ela desenvolvesse algumas dificuldades que, segundo a mãe, levaram a criança até a sofrer dois episódios de convulsão e nos faz pensar que isso possa ser resultado de algo congênito e não de um fato exterior, de uma agressão, de algum tipo de mau trato ou acidente que ela tenha sofrido".
Felipe Gomes Fernandes, pai de Sophia, pede investigação criteriosa sobre morte da menina em Ribeirão Preto, SP — Foto: Cacá Trovó/EPTV
Felipe contesta a versão apresentada pela defesa e afirma que chegou a questionar um médico no HC se os problemas da filha poderiam causar a morte dela.
"Eu perguntei pra ele 'doutor, tem alguma coisa a ver com o que está acontecendo?' Ele falou pra mim 'não, a gente já fez todos os exames e não condiz'. O médico falou 'Felipe, não é uma coisa comum isso que aconteceu com ela'. É normal acontecer o que? Em acidente de carro, acidente de moto, acidente de caminhão, pra dar um traumatismo grave".
Juiz da Vara da Infância e Juventude de Ribeirão Preto, Paulo Cesar Gentile acompanha o caso.
"Com base nas conclusões da polícia, poderá haver uma ação penal buscando responsabilizar eventual agressor. é importante que não haja pré-julgamento sobre o que aconteceu. não sabemos se houve um acidente, se houve negligência ou se a criança foi vítima de violência doméstica".
Fonte: g1