O incêndio que tomou conta da Floresta Nacional de Brasília (Flona) desde a manhã desta terça-feira (3) continuou ao longo de toda a noite e madrugada. O Corpo de Bombeiros retomou, no início da manhã desta quarta-feira (4), o combate às chamas.
À TV Globo, Fábio Miranda, chefe da Flona, afirma que o fogo diminuiu em relação ao registrado nesta terça-feira, mas ainda não é possível dizer que o incêndio está controlado. Imagens feitas pelo repórter cinematográfico Diogo André mostram os focos de incêndio na vegetação durante a noite (veja vídeo acima).
A suspeita é de que o incêndio tenha sido criminoso, já que três pessoas foram vistas no local, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A Polícia Federal (PF) investiga o caso.
O parque foi fechado após três focos de incêndio serem identificados pelos bombeiros. Até o fim da noite desta terça-feira, a área queimada já somava 1,2 mil hectares — o equivalente a 1,2 mil campos de futebol. Entre as áreas afetadas, estão nascentes de água importantes para o abastecimento da população do DF.
"Foi um dia atípico. Umidade mais baixa da história, temperatura muito alta, ventos que toda hora mudavam de direção. Foi um combate muito difícil. Possivelmente, a gente acredita que esse incêndio tenha sido proposital porque vários focos surgiram ao mesmo tempo, o que aumentou a dificuldade e encurralou nossas equipes", diz Fábio Miranda, chefe da Flona.
Não chove há 134 dias no Distrito Federal – a última chuva registrada pelo Inmet foi em 23 de abril. A umidade relativa do ar nesta terça-feira caiu a 7%, às 16h, na região do Gama– sendo o dia mais seco da história do DF, segundo o Inmet.
? O índice de umidade do ar recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 60%.
Os equipamentos usados para combate às chamas são básicos, como bomba costal de 20 litros, abafadores e soprador. Os helicópteros do Corpo de Bombeiros não estão sendo usados para combater o fogo, pois estão em manutenção.
Como o incêndio é em um local de difícil acesso, a viatura de água não consegue chegar perto das chamas, segundo os bombeiros.
"As operações aéreas não permitem margem para erro, então as manutenções não podem ser adiadas. Infelizmente, elas foram realizadas ontem e a gente ficou sem aeronave nesse período", afirma o coordenador ambiental do Corpo de Bombeiros do DF, major Godoy.
Até agosto, a área queimada no DF é 29% maior que a do ano passado inteiro, segundo o Corpo de Bombeiros Militar. Veja dados abaixo:
A área atingida apenas em agosto foi de 5.005 hectares. Houve um aumento de 38% em comparação ao mesmo período de 2023. Em agosto foram 2.065 ocorrências.
Criada em 1999 por um decreto presidencial, a área é uma das unidades de conservação responsáveis pela sobrevivência das nascentes que irrigam a maior represa do Distrito Federal, o Descoberto, responsável por aproximadamente 70% do abastecimento de água do DF.
A 22 km do centro da capital, a área de visitação fica ao lado da BR 070, próximo à Taguatinga. A cobertura vegetal da Flona é constituída de talhões de eucaliptos e pinus, pastos abandonados e áreas em recuperação que dividem espaço com importantes amostras de vegetação de Cerrado.
Com entrada gratuita, a área tem trilhas que podem ser feitas a pé ou de bicicleta. No local está a maior trilha de Mountain Bike sinalizada em uma unidade de conservação do país: o Circuito Flona.
O objetivo do decreto presidencial de 1999 era constituir um cinturão verde que assegurasse a preservação dos mananciais e do Parque Nacional de de Brasília.
Fonte: g1