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Consolidada no mercado nacional de mineração, onde ocupa atualmente a posição de terceira maior produtora de minério de ferro do país, a Bahia poderá galgar novos passos na produção em larga escala da commoditie através de um empreendimento de $ 5 bilhões de dólares.
Para isso, foi firmada uma parceria entre a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), empresa estatal ligada ao Governo do Estado, e a companhia inglesa Brazil Iron, empresa de mineração que tem subsidiária brasileira em Piatã, no coração da Chapada Diamantina, através de um contrato assinado na última quinta-feira, 17.
Em visita ao Grupo A TARDE, onde foi recebido pelo diretor de relações institucionais do grupo, Luciano Neves, o presidente da estatal, Henrique Carballal, explicou que a parceria permitirá que a CBPM, de forma inédita, atue como consultora da Brazil Iron, auxiliando nas questões burocráticas, e intermedie o diálogo entre o setor privado e a sociedade civil, de forma a mitigar os possíveis impactos da atuação da mineradora e fomentar o desenvolvimento da região.
Ainda de acordo com Carballal, a assinatura dessa parceria passa por uma "mudança de filosofia” creditada a uma orientação do governador Jerônimo Rodrigues, na qual a empresa passe a não só atuar na parte da pesquisa mineral, mas também na produção.
"Já discutimos internamente uma possível mudança no nome para Companhia Baiana de Produção Mineral e é com essa nova filosofia que estamos buscando tratar a CBPM e as ações que a própria realizou em seus 52 anos de atuação como ativos: Desde os controles de direitos minerários em várias áreas do estado até o conhecimento geológico profundo de várias áreas. E é com esse conhecimento e expertise que estamos abertos ao mercado, seja fomentando o desenvolvimento minerário no estado ou como nesse caso, onde a CBPM é contratada por empresas que querem se instalar, mas tem dificuldade de instalação, porque são multinacionais. Então, eles acabam tendo dificuldade de viabilizar o seu projeto por falta de um parceiro local que garanta que o projeto seja realizado com os interesses que o nosso estado precisa”, afirmou Carballal.
“O foco fundamental é que a CBPM e a empresa Brazil Iron garantam que um empreendimento de US$ 5 bilhões seja viabilizado. Garantindo, portanto, que a Bahia possa ter um empreendimento desses que vai gerar emprego, renda, desenvolvimento tecnologia e descarbonização”.
Brazil Iron
É nesse ínterim que a Brazil Iron, considerada uma das maiores empresas do setor mineral, solicitou a assessoria da estatal para aperfeiçoar o projeto que já estava em andamento no município de Piatã, localizado na Chapada Diamantina.
A empresa inglesa prevê a construção, a longo prazo, de uma mina, uma estrada de ferro e uma siderurgia.
O chefe da CBPM, que assume a direção da proposição, ainda assegurou que as novidades que estão em desenvolvimento vão “atender os interesses da comunidade local e do povo da Bahia, como um todo”.
A previsão é que a iniciativa gere 55 mil empregos diretos e indiretos no município além de injetar R$ 47 bilhões em receitas tributárias para a Bahia, de acordo com o vice-presidente de Relações Institucionais da Brazil Iron, Emerson Souza, que ressaltou a importância de ter a CBPM como aliada nesta frente.
"Estamos falando de um projeto que, com uma projeção, pode impactar em uma receita tributária de R$ 47 bilhões pro estado. E o que podemos destacar desse projeto, é que a CBPM entrou no meio desse processo para abrir os nossos olhos, enquanto companhia, sobre coisas que estávamos pecando”, afirma Emerson.
“[Não] podemos tirar o foco do homem, da mulher e da comunidade que estão no centro de tudo. O que a gente traz acima de qualquer coisa é a humildade da empresa. A CBPM fez com que a gente aprendesse qual é a forma da gente desenvolver um projeto desse tamanho olhando para aquilo que é mais importante: gerar desenvolvimento para o estado, sem detrimento do lado ambiental e social”, disse.
O representante da empresa pontuou ainda sobre possíveis impactos da atuação da mineradora na região na região e na relação com as comunidades quilombolas que estão localizadas próxima à área da mina, o que gerou um ponto de conflito entre as partes.
“Precisamos entender que qualquer ação que seja feita em qualquer área, irá gerar impacto de alguma forma. O nosso maior erro foi não ter iniciado um relacionamento mais aberto e transparente com essas comunidades e é aí que CBPM entra, não só com o conhecimento que eles têm do universo da mineração e das políticas públicas do Governo do Estado, mas com um olhar para como podemos gerar o menor impacto possível, ao mesmo tempo em que reparamos aqueles que ocorrerem, para que o saldo final seja um impacto positivo”.