Mãe do menino Heros Alcondas Abreu, de 15 anos, morto com um outro colega adolescente durante um atropelamento na Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo, Michele Alcondas fez um desabafo desesperado sobre a morte do jovem (veja vídeo abaixo).
Na chegada ao velório na manhã desta quarta-feira (4), Michele disse que quer que o motorista Sérgio Roberto de Paula, de 53 anos, autor do atropelamento, seja severamente punido pela Justiça por dirigir bêbado e atropelar e matar os dois adolescentes na calçada.
“A dor que estou sentido, não quero que nenhuma mãe sinta. Quero Justiça, em nome das nossas famílias. Que ele pague e que vá para a cadeia. Ele é um monstro. Meu filho foi assassinado. Ele e o Kaique. (...) Ele [motorista] não teve um mal súbito. Ele estava embriagado por que quis. Foi opção dele", afirmou.
“Infelizmente meu filho foi fazer aquele trajeto. Era o direito dele de ir e vir em uma quadra que é pública. E o governo infelizmente não oferece nada, não oferece cultura, não oferece lazer. E ele foi numa quadra bater bola, tirar um lazer. E aquele assassino estava gandaiando. Um alcóolatra. Porque quando a gente vai tirar uma carta de habilitação, a gente tem que ler e sabe o que está escrito ali. Ele sabe o que ele fez. E eu quero justiça pelo meu filho. Ele matou o meu filho”, desabafou.
Muito emocionada e abalada, Michele Alcondas disse que o jovem ficou três dias internado em situação muito grave após o atropelamento que aconteceu na manhã do sábado (31).
Os dois adolescentes morreram no hospital. Heros tinha sido socorrido em estado muito grave para a Santa Casa de São Paulo pelo SAMU, enquanto Kaique Peres Santana foi removido pelo helicóptero Águia, da Polícia Militar, no Hospital das Clínicas de São Paulo.
“Ele ficou numa cama vegetando três dias, a gente vendo o sofrimento dele sem poder fazer nada. Meu filho já estava morto. Na hora da batida ele foi arremessado num poste”, disse a mãe.
Sérgio Roberto de Paula, de 53 anos, motorista que atropelou os dois adolescentes na Brasilândia, Zona Norte de SP. — Foto: Reprodução/TV Globo
“O Heros era uma criança maravilhosa. Ele e o Kaique eram meninos de ouro. Tiveram a vida interrompida por um assassino. Por um monstro. Quero que ele pague na Justiça, que ele vá preso. E que ele seja condenado pelo que fez com o meu filho. Porque o que eu vi hoje na liberação do corpo do meu filho, nenhuma mãe merece ver. Ele destruiu a cabeça do meu filho. Se eu não tivesse condições financeiras, como é que eu iria enterrar o meu filho? Porque foi uma burocracia tirar meu filho de lá”, completou.
Os dois adolescentes morreram após serem atropelados por um motorista embriagado na Avenida João Paulo Primeiro, na Brasilândia, Zona Norte, na manhã de sábado (31).
Os dois amigos seguiam para um jogo de futebol na manhã de sábado (31) quando foram atropelados na calçada pelo motorista Sérgio Roberto de Paula, de 53 anos.
Sérgio de Paula foi preso em fragrante por dirigir embriagado, após ter sido submetido ao exame de bafômetro. Segundo o Tribunal de Justiça de SP, ele foi solto após audiência de custódia no domingo (1). O juiz concedeu liberdade provisória ao agressor e suspendeu a habilitação dele.
Sergio de Paula deve cumprir medidas cautelares como comparecimento mensal ao juízo por ao menos 12 meses, proibição de dirigir também pelo prazo de 12 meses e ausentar-se da cidade.
Na delegacia, o motorista contou aos policiais que esteve até o início madrugada de sábado (31) bebendo em uma festa na quadra de uma escola de samba da Freguesia do Ó, na Zona Norte, com a namorada.
Ao sair do local foi para casa porque precisava trabalhar e trocar de roupa. Ao sair para o trabalho dirigindo o carro da namorada, cochilou ao volante e perdeu o controle do veículo, acordando apenas após o acidente.
O pai de um dos meninos, Lucas Gomes de Abreu, narrou aos policiais na delegacia que conhece o homem que atropelou os dois meninos. E que ele mora no mesmo bairro das vítimas e não raro é visto em bares ingerindo bebida alcoólica, dirigindo normalmente mesmo estando bêbado.
Homem atropela jovens na Zona Norte de SP — Foto: Reprodução/ TV Globo
Colegas de Kaique pedem por Justiça. — Foto: Reprodução
Nas redes sociais, a Escola Estadual Professora Elizabeth Aparecida Simões Mesquita lamentou a morte de Kaique e disse que ele era medalhista da Olimpíada de Matemática do Estado de SP (OMASP).
Na tarde desta terça-feira (3) amigos e professores do jovem realizaram um protesto em frente à escola. Eles seguravam cartazes também pedindo por justiça.
"Hoje ta todo mundo triste, as pessoas que gostam dele estão chorando. Ele era amigo de todo mundo, não tinha maldade com ninguém. Esse era o Kaique que a gente conhecia", disse Nícolas dos Santos, colega de escola.
Amigos de jovem protestam por justiça. — Foto: Reprodução/ TV Globo
Cartaz pedindo por justiça. — Foto: Reprodução/ TV Globo
Fonte: g1