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Economia e negócios

Financiamento caro coloca projetos em risco e juros precisam cair, dizem empresas de infraestrutura

Ritmo lento de afrouxamento monetário pode afetar o sucesso das próximas concessões e do "novo PAC"

Publicada em 20/06/2023 às 11:10h - 13 visualizações - Daniel Rittner

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Financiamento caro coloca projetos em risco e juros precisam cair, dizem empresas de infraestrutura
Há concessões feitas em outro patamar de juros, o que pode desequilibrar as contas, já que são projetos de longo prazo  (Foto: Mauro Artur Schlieck/Prefeitura da Joinville)

Associações do setor de infraestrutura — logística, saneamento e telecomunicações — alertam que o patamar atual da taxa de juros está tirando a viabilidade de projetos e cobram uma queda mais célere da Selic.

Se o ritmo de afrouxamento monetário for lento demais, isso pode afetar o sucesso das próximas concessões e do “novo PAC”, plano de investimentos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu lançar no início de julho.

 

“A taxa de juros é uma informação muito relevante para os nossos projetos. Para um negócio ficar viável, ela precisaria estar perto de 8%”, afirma Natália Marcassa, CEO do MoveInfra, associação que reúne os seis maiores investidores privados em infraestrutura logística do país com ações na B3 — CCR, Ecorodovias, Hidrovias do Brasil, Rumo, Santos Brasil e Ultracargo.

“Esse movimento [de corte dos juros] precisa começar, com uma política fiscal estável e que dê sustentação à trajetória”, avalia.

Marcassa diz que os projetos no setor são todos de longo prazo e dependem essencialmente de três fatores: crescimento do PIB e da demanda, custo dos insumos e condições de financiamento.

No momento, todos os fatores estão relativamente desfavoráveis, com uma expansão ainda modesta da economia e alta acumulada de matérias-primas ao longo dos últimos anos. A taxa de juros entra como outro ponto de complicação, encarecendo o crédito e captações.

Na semana passada, por exemplo, a Iguá Saneamento emitiu debêntures de R$ 3,8 bilhões pagando 8,8% ao ano (mais IPCA) para financiar seus planos de investimentos.

Embora ninguém no mercado tenha levantado dúvidas sobre a capacidade financeira da empresa, o custo da captação é considerado proibitivo para operações de longo prazo. A Iguá tem 18 operações de água e esgoto no país, incluindo um dos blocos privatizados no Rio de Janeiro (da Cedae).

“Para o setor, é importante acelerar a queda da taxa de juros, a fim de não afetar o equilíbrio dos contratos já assinados e manter a atratividade dos demais projetos”, afirma Percy Soares, diretor-executivo da Abcon, associação que representa as concessionárias privadas de saneamento básico.

Sem comentar casos específicos, como o da Iguá, Soares diz que é “insano” captar no mercado e levar adiante os planos de universalização dos serviços até 2033 com o patamar atual de juros.

“Muitos projetos foram concedidos com outra perspectiva de taxa de juros. Isso era risco do negócio, mas machuca demais as empresas e não podemos tapar o sol com a peneira”.

A carteira de oportunidades do setor tem, nos próximos meses, projetos como a privatização da companhia gaúcha Corsan (pendente da assinatura de contrato), a concessão dos serviços de saneamento em Porto Alegre (RS) e em Sergipe, uma PPP da Sanepar no Paraná.

O presidente-executivo da Conexis Brasil Digital (associação das operadoras de telecomunicações), Marcos Ferrari, lembra que as empresas do setor precisam de muito capital de giro e já têm enfrentado uma redução gradual das taxas de retorno do investimento.

Para ele, as sinalizações indicam um corte da Selic pelo Banco Central a partir de agosto. “Temos a expectativa de que os juros caiam da forma mais célere possível”, afirma.

No último boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (19) pelo Banco Central, a média das projeções de mercado indica que os juros devem atingir 9,5% no fim de 2024. A inflação foi estimada em 4% para o ano que vem.

Na avaliação de Ferrari, isso ainda significa uma taxa real muito alta. “Juros de 9%, com inflação de 4% ao ano, ainda são elevados demais em uma economia com as nossas idiossincrasias: carga tributária pesada, custo regulatório, ambiente de negócios difícil”.

“Algo entre 3% e 3,5% [de juros reais] certamente daria para sustentar jma expansão maior dos investimento”, diz o executivo.

Um dos sete eixos do “novo PAC” será justamente a conectividade digital, o que só reforça a necessidade de condições adequadas de financiamento para dar conta dos projetos, segundo Ferrari. “O espaço para recursos do OGU (Orçamento Geral da União), mesmo com o novo arcabouço fiscal, é limitado”, conclui.

 



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