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Quem está brigando com o BC pelos juros não é o governo, é a sociedade, diz Lula

Em entrevista coletiva em Roma, presidente disse também que é "irracional" uma taxa de juros a 13,75% com uma inflação de 5% ao ano

Publicada em 22/06/2023 às 10:41h - 12 visualizações - CNN

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Quem está brigando com o BC pelos juros não é o governo, é a sociedade, diz Lula
Lula volta a criticar condução da política monetária pelo Banco Central  (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (23), em Roma, durante entrevista coletiva, que não é o governo quem está brigando com o Banco Central por conta do atual patamar da taxa de juros, mas sim “toda a sociedade brasileira”.

O presidente lembrou que mais de 70% da população está endividada no momento. Além disso, os juros altos dificultam o acesso a crédito para quem depende de recursos para desenvolver seus negócios. Lula se referiu às inúmeras críticas de diversos segmentos da sociedade que pressionam o Banco Central a iniciar um ciclo de corte da Selic.

“É irracional o que está acontecendo hoje no Brasil. Temos uma taxa de 13,75% com uma inflação de 5%”, reforçou.

Lula afirmou ainda que tem pressionado o Senado, responsáveis pela aprovação de Roberto Campos Neto para presidir a autoridade monetária.

Foram os senadores que colocaram esse cidadão lá, então os senadores têm que analisar se ele está cumprindo aquilo que a lei diz para ele cumprir. Na lei, ele tem que cuidar da inflação, do crescimento econômico e da geração de emprego, então ele tem que ser cobrado”, afirmou o presidente.

Em uma crítica direta a Roberto Campos Neto, Lula disse que acha que “esse cidadão joga contra a economia brasileira, joga contra os interesses da economia brasileira. Ele não tem explicação, não existe explicação aceitável de porque a taxa de juros está a 13,75%, não existe”.

Lula lembrou, ainda, que quando o presidente indicava o presidente do BC, ele era cobrado.

“Você tem noção de quantos presidentes de Banco Central o FHC [ex-presidente Fernando Henrique Cardoso] afastou? Foram três ou quatro. Porque se o presidente indica e o cara não faz um bom trabalho, afasta ele. Agora não. Agora o presidente não pode fazer nada porque o presidente do BC não foi indiciado pelo presidente, mas pelo congresso nacional, pelo Senado”.

Decisão do Copom

Na noite da quarta-feira (21) o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu por manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, conforme expectativa do mercado, porém, isso ocorre em meio a pressões de governos, empresários e entidades representantes dos setores produtivos para que se inicie o ciclo de fim do aperto monetário.

Esta é a sétima vez seguida que o Comitê decide pela manutenção da taxa. Assim, o patamar de juros no país continua no maior nível desde dezembro de 2016.

Era unânime a expectativa entre economistas de que o colegiado iria manter novamente a Selic nos mesmos 13,75% ao ano. Para uma grande parte dos especialistas, porém, esta será a última vez.

Grande parte do mercado acreditava que o BC deveria começar a cortar os juros a partir de seu próximo encontro, no início de agosto.

Contudo, no comunicado, o Copom volta a citar “paciência e serenidade” com a condução da política monetária em relação à inflação.

“O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

O Comitê ainda fala em “cautela e parcimônia”. “A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia”, diz o texto.

*Publicado por Dimalice Nunes

 
 
 



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