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Destino de chefe do Grupo Wagner segue incerto e expõe problemas na Rússia

De fornecedor e amigo de Putin a líder de motim, Yevgeny Prigozhin não obedece a acordo e seu paradeiro é desconhecido; rebelião contra a cúpula militar russa foi a perdição do outrora poderoso mercenário

Publicada em 08/07/2023 às 11:38h - 15 visualizações - Jill Dougherty

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Destino de chefe do Grupo Wagner segue incerto e expõe problemas na Rússia
Imagem mostra várias perucas escondidas em um armário no que as autoridades russas disseram ser a casa de Prigozhin  (Foto: Vesti/Telegram)

A história bizarra de Yevgeny Prigozhin, o ex-amigo do presidente russo Vladimir Putin que virou conspirador, ficou muito mais estranha.

O ex-chefe da milícia privada Grupo Wagner – que geria um império empresarial que incluía uma fazenda de trolls, uma empresa de alimentos multimilionária e um grupo de mídia – teve a temeridade de lançar um motim em 23 de junho contra o topo da cadeia militar de Putin.

 

A rebelião foi encerrada por um “acordo” supostamente mediado por outro amigo de Putin (alguns o chamam de “vassalo”), o homem forte de Belarus, Alexander Lukashenko. Ele exigiu que Prigozhin deixasse a Rússia e se mudasse para seu país. Seus homens tinham três escolhas: seguir Prigozhin para a nova casa, juntar-se ao exército russo regular ou parar de lutar e ir para casa.

Depois que o motim terminou, Lukashenko afirmou que Prigozhin tinha, na verdade, chegado à Belarus. Mas, por semanas, ninguém conseguiu confirmar a informação. Até que, na quinta-feira (6), Lukashenko se contradisse, dizendo à CNN que Prigozhin estava em São Petersburgo e podia estar viajando “para Moscou ou outro lugar”.

De qualquer forma, ele disse, Prigozhin não estava onde deveria estar, assim como os combatentes Wagner nos campos de batalha. O governo de Lukashenko, aparentemente, tinha reservado lugares para eles em Belarus, trazendo mais questões sobre o destino do chefe do Wagner.

Ao mesmo tempo, a TV estatal russa começou a transmitir vídeos das forças de segurança que invadiram o escritório e a casa de Prigozhin em São Petersburgo. Sua “mansão” ou “palácio” tinha uma piscina, uma sala de operação privativa e até mesmo uma “sala exclusiva para oração”, de acordo com a descrição do site de propaganda russo RT. Também foram achadas marretas – ferramenta  que seria usada para matar desertores do Grupo Wagner. Os agentes de segurança teriam supostamente encontrado 10 milhões de rublos (cerca de R$ 530 mil) em dinheiro, juntamente com ouro, armas e perucas – presumivelmente para Prigozhin se disfarçar.

E, no entanto, algumas horas depois, houve relatos de que parte de seu dinheiro e posses foram devolvidos a ele. O caso acrescenta mais uma camada ao mistério sobre os motivos de Putin ter, até agora, deixado Prigozhin permanecer livre, mesmo depois de ele não cumprir o acordo de Lukashenko.

Prigozhin foi aplaudido por civis ao deixar Rostov-on-Don em 24 de junho. / Alexander Ermochenko/Reuters

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Destino desconhecido

Antes de cair em desgraça, Prigozhin era uma estrela de rock nas redes sociais. Ele aparecia como um machão em roupas camufladas, comandando uma equipe de combatentes capazes de vencer batalhas na Ucrânia que os militares russos regulares não conseguiam. Prigozhin ofendeu líderes militares e outras altas autoridades do governo, mas cruzou uma linha vermelha quando os acusou de encher os bolsos e enganar Putin para lançar uma invasão da Ucrânia quando não havia ameaça real.

A marcha de Prigozhin em direção a Moscou – que teve tropas assumindo cidade de Rostov-on-Don, derrubada de aviões russos e morte de vários militares – enfureceu Putin, que o acusou de “esfaquear a Rússia pelas costas”.

É bem sabido que Putin não suporta traidores, mas Lukashenko, usando uma palavra russa semelhante a gangster que Putin usou para descrever terroristas chechenos, garantiu a repórteres que Putin não é “mal-intencionado e vingativo” o suficiente para fazer com que Prigozhin seja “eliminado”.

Dias atrás, o próprio Putin sugeriu outra maneira de lidar com Prigozhin, admitindo que o governo lhe havia pagado bilhões de dólares, acrescentando que ele esperava “ninguém tivesse roubado nada”, mas que o Kremlin lidaria com isso.

O destino final do chefe do Grupo Wagner ainda não está claro, mas ele é apenas um dos problemas de Putin. Já o das valiosas empresas de Prigozhin é outro: o Kremlin parece estar atualmente dissecando seu império, colocando o controle das empresas mais valiosas em mãos mais “confiáveis”.

Será que Prigozhin vai acabar na prisão? Ou num caixão? A única coisa que parece remotamente clara é que Putin terá que resolver esta “razborka”, uma palavra que os mafiosos russos usam para descrever suas disputas internas. O que traz mais repressão, mais “acertos” e mais lutas nos bastidores na Rússia de Putin.

 



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