Um vereador eleito nas eleições de 2024 e dois suplentes que eram condenados pela Justiça foram encontrados para cumprir pena. Os suplentes Celmar Mucke (União), de Tupanci do Sul (RS), e Gasparino Azevedo (PT), de Sebastião Barros (PI), foram presos por estupro de vulnerável. Já Gilvan (MDB), vereador eleito de Lagoinha do Piauí (PI), teve a prisão por atropelar e matar uma pessoa convertida em serviços e multa.
Os três foram localizados pela Justiça entre outubro e novembro, após reportagem do g1 revelar que 20 procurados foram eleitos ou viraram suplentes nas últimas eleições municipais. O levantamento exclusivo foi feito com base nas informações de candidaturas disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e nos mandados de prisão registrados no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), alimentado por tribunais de todo o país e mantido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Além dos três condenados, Claudio Lima (Avante), 3º suplente em Fortaleza (CE), responde a processo criminal suspeito de organização criminosa e segue procurado pela Justiça.
Celmar Mucke (União) foi preso em 22 de outubro, dias após virar suplente com 1 voto em Tupanci do Sul (RS). Ele era considerado foragido após ser condenado pouco depois de registrar sua candidatura pelo estupro de uma jovem de 14 anos a uma pena de 9 anos em regime fechado.
Celmar Mucke em reprodução da página de candidatura do TSE. — Foto: Reprodução/TSE
Do lado esquerdo, momento em que Gasparino é preso em Braília. Do lado direito, imagem do candidato nos registros do TSE — Foto: Reprodução
Sem o registro do crime no documento, essencial para a inscrição eleitoral, Azevedo participou das eleições e obteve 135 votos. Ele foi preso em Brasília para cumprir uma pena de 10 anos.
Do lado esquerdo, Gilvan em audiência de custódia. Do lado direito, imagem do vereador eleito nos registros do TSE — Foto: Reprodução
Eleito vereador de Lagoinha do Piauí com 147 votos, Gilvan (MDB), teve a condenação, de 2 anos e 8 meses de prisão por matar e atropelar uma pessoa em Marabá (PA), convertida para 970 horas de prestação de serviços à comunidade e pagamento de multa no valor de um salário mínimo.
A decisão foi tomada pelo juiz Caio Marco Berardo, da Comarca de Marabá, após audiência de custódia em 14 de novembro. A condenação de Gilvan não se enquadra entre os crimes previstos na Lei da Ficha Limpa por ser tratar de uma condenação culposa e não dolosa.
Gilvan foi condenado por homicídio culposo em 2021. Segundo o processo, ele pilotava uma motocicleta e colidiu com outra conduzida pela vítima após invadir uma via preferencial. Ele deixou o local sem prestar socorro e admitiu à Justiça ter ingerido bebida alcoólica antes do acidente.
Procurado pelo g1, Gilvan não se manifestou até a publicação da reportagem.
Entre os 20 nomes levantados pela reportagem do g1, sete não são mais procurados pela Justiça. Um deles, Lula Costa (PSD), 9º suplente em Barra do Choça (BA), era procurado em uma investigação sobre associação para o tráfico, e seu nome não aparece mais no banco de mandados de prisão.
Outros 6 suplentes eram procurados por dever pensão alimentícia e tiveram mandados de prisão revogados. Nesse tipo de caso, a prisão é suspensa imediatamente após o pagamento do valor devido.
Nove procurados ainda não foram localizados pela Justiça por não pagar pensão. São eles:
Após a publicação das reportagens pelo g1, o acesso aos dados do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) foi facilitada.
Antes, os dados do estado de São Paulo, que responde pela maioria dos mandados de prisão, tinham de ser extraídos cidade por cidade — são 645 ao todo.
Agora, os dados do estado podem ser baixados em um mesmo bloco, como acontece com as demais unidades da federação.
Fonte: g1